Em julho do ano passado, grandes nomes da indústria de TI estiveram envolvidos em processos e licitações para adquirir seis mil patentes da Nortel, gigante canadense do setor de telecomunicações. Empresas como Apple, Ericsson, RIM, Sony, Microsoft e EMC formaram um consórcio que pagou 4,5 bilhões de dólares pelos direitos.

Apesar de não ter entrado na história, o papel principal dessas aquisições pode pertencer ao Google. Para Eugene Kaspersky, CEO da empresa de segurança que leva seu nome, o receio destas companhias está relacionado ao crescimento da plataforma Android.

Kaspersky e outros profissionais do mercado propõem a hipótese de que esta compra será usada para limitar o crescimento de dispositivos móveis baseados na plataforma Google, lembrando um antigo confronto entre a Apple e a Microsoft. “Parece absurdo, mas é como as patentes funcionam nos Estados Unidos”, diz o CEO.

Em todo o mundo, softwares são protegidos por copyrights, enquanto nos EUA, Canadá e Japão o uso de patentes é dominante – o que gera uma rede de processos no setor de mobilidade. Algumas empresas, pejorativamente chamadas de “patent trolls”, registram uma série de patentes apenas para tirar dinheiro de quem que desenvolver uma ideia semelhante.

Há 20 anos, a Microsoft dedicou uma campanha massiva para promover o Windows não apenas para os consumidores, mas também para os desenvolvedores de softwares. Enquanto isso, a IBM e a Novell, com seus mercados já garantidos no setor, assistiram com ceticismo ao começo da era do Windows e não se esforçaram para se adaptar ao novo cenário. Com efeito, softwares baseados nesses sistemas começaram a ser cada vez menos desenvolvidos.

Hoje, o mesmo acontece com o Android. A plataforma pode ser encontrada em todo lugar e se espalha rapidamente. A agência analítica Canalys publicou um relatório que revela que a plataforma operacional do Google já está presente em 48% dos dispositivos móveis. Em países da Ásia, como Taiwan e Coréia do Sul, esse número já ultrapassa a marca dos 70%.

Eugene Kaspersky publicou em seu blog uma projeção que em cinco anos o sistema operacional Android dominaria 80% das plataformas móveis, “mas agora parece que isso acontecerá muito antes”, afirma.

O empresário acredita ainda que, da mesma forma que a Microsoft ganhou a disputa dos sistemas operacionais, o Google será a grande líder deste mercado, não importa o que aconteça.